Nesta edição conheceremos como iniciou o nosso tradicional risoto mensal. Quando sabemos melhor a história podemos perceber como Deus age e emocionarmos com aqueles que fizeram e fazem parte dessa história. Abaixo um trecho da entrevista realizada com o P. Sigmundo (Padre Zig), o casal Simeão e Ana Maria e Jabismar. O Pe. Zig foi pároco da nossa Paróquia no período de 1976 a 1985, hoje nosso Vigário Paroquial.
Jornal de São Cristóvão (JSC): Pe. Zig como foi o primeiro risoto realizado em nossa paróquia?
Pe. Zig: Senhoras voluntárias da Igreja se reuniram e decidiram realizar algo que congregasse a comunidade paroquial e conseguisse recursos financeiros para a Paróquia. Porém, por falta de experiência e meios, o primeiro risoto não foi como se esperava, não obteve o resultado desejado.
JSC: Mas como surgiu esta tradição do risoto?
Pe. Zig: No final de uma celebração fui procurado pelo Simeão e Ana Maria, que tinham recém chegado de Brasília e foram residir na Rua Piauí. Eles me perguntaram como podiam ajudar na Paróquia.
Ana: Mudamos de Brasília para Curitiba no final de 1981. Em seguida fomos a uma Missa na Paróquia para conhecer o pároco e saber em que atividade poderíamos colaborar. Ao encerrar, o Pe. Zig nos convidou para no próximo domingo comer um pedaço de bolo com o coroão, era aniversário dele. Foi quando nos convidou para fazer parte do Movimento de Irmãos. O coordenador era o Álvaro e Ivone. Algumas reuniões após o encontro que fizemos, foi a eleição no grupo, e para nossa surpresa fomos eleitos coordenadores.
A Paróquia tinha muito trabalho e precisava de bastante dinheiro, tinha sido derrubado um barracão velho de madeira. Então como coordenadores, pensamos em como arrecadar sem fazer um “bingo” ou “vender rifa”; Vender um trabalho, fazer uma confraternização, mas acessível. Na época a carne estava muito cara, o churrasco ficava inviável. Veio-nos a idéia de fazer o risoto, pois tinha uma boa aceitação e venderíamos um trabalho mais em conta. No início o Pe. Zig foi contrário, pela experiência de outro que havia sido feito e não tinha dado resultado.
Pe. Zig: Quando me falaram de fazer um risoto, fiquei hesitante. Pois a experiência que tínhamos com o risoto anterior não tinha sido boa.
Simeão: Convencemos o Pe. Zig dizendo que planejaríamos bem; que venderíamos os ingressos com antecedência e que faríamos só para 150 pessoas.
Ana: D. Isaltina nos apresentou a Dora que tinha uma receita especial vinda de uma italiana. Não tínhamos nada; emprestamos os pratos e talheres da Paróquia N. Sra. de Fátima, as panelas todas emprestadas, os fogões eram de quatro bocas, pequenos e fornos em frente. Vendemos 100 ingressos antecipados; o salão que em construção era só pedra brita espalhada no chão.
Começamos a trabalhar às 3:30 da madrugada junto com a festa de São Cristóvão; Pe. Zig resolveu fazer uma Missa no salão com toda a equipe que estava trabalhando às 7:00 horas e todos desligamos os fogões e fomos celebrar a Missa para que recebêssemos maiores bênçãos.
Simeão: Com pouca experiência, emprestamos 150 pratos e talheres, mas não nos lembramos que as pessoas trariam seus filhos e faltaram pratos e talheres. Foi um corre-corre, algumas pessoas que estavam trabalhando foram buscar em suas casas.
O primeiro risoto foi um sucesso e o resultado financeiro também.
Ana: O Pe. Zig ficou tão feliz que na Missa das 19:00 horas no momento da consagração mandou a banda da Polícia Militar entrar tocando o Hino Nacional, foi muito emocionante.
O risoto foi num crescente sempre e aos poucos fomos terminando de construir o salão, comprar material e os fogões industriais. Na época não existia o CAEP, e o Movimento de Irmãos era quem administrava tudo.
JSC: Pe. Zig como foi a continuidade do risoto e qual era o objetivo?
Pe. Zig: Defini que o risoto seria administrado pelo Movimento de Irmãos e os recursos seriam usados onde mais precisasse. Na época não tínhamos um grupo específico para tratar dos assuntos econômicos.
Simeão: O CAEP foi criado na Paróquia com o Pe. Tarcisio, e eu fui o primeiro coordenador.
Quando terminamos as construções, compra de tudo que é necessário para manter o salão, passamos a direcionar grande parte do que é arrecadado com o risoto para a questão social (auxilio aos pobres e aos doentes). E isso, acontece até hoje.
JSC: Jabismar, atualmente como está sendo realizado o risoto, qual a sua importância para a Paróquia e como esta sendo realizada a distribuição do que é arrecadado?
Jabismar: O Movimento de Irmãos continua realizando o risoto, mas seria importante que outras pessoas também fizessem parte dos trabalhos, já que as duas grandes finalidades são: Finalidade Religiosa (manutenção da igreja, água, luz, telefone, funcionários, hóstias, etc.), visto que a arrecadação do dízimo não cobre essas despesas; Finalidade Social (auxilio aos pobres e aos doentes). O risoto também é um local para nos unirmos, ajudar nossa Paróquia e as pessoas que precisam, e nos confraternizarmos.
Nos últimos anos, temos adotado a seguinte distribuição:
– Na última coordenação do Simeão e Ana Maria, Janeiro de 2011 a Junho de 2012, foram doados R$ 67.753,86, sendo que para a Paróquia São Cristóvão o montante foi de R$ 44.273,28, ou seja 65,34 % do total. As demais doações foram para o Instituto Salesiano (CES e Provim), Associação Mamãe Margarida,l Comunidade Dom Bosco, Associação das Senhoras da Caridade, Vocações e Escola de Educação Especial Multidisciplinar. Caso a Paróquia venha precisar de alguma ajuda extra, nos organizaremos para realizar outro evento, já que o valor repassado as entidades que atendemos precisam da nossa ajuda para se manterem. Importante salientar também, que todo o dinheiro arrecadado é revertido em doações, manutenções e compra de utensílios, para o bom andamento de nossos trabalhos, sendo tudo contabilizado e arquivado pelos coordenadores do M.I, mantendo apenas em caixa valores necessários para os próximos eventos e despesas futuras, já planejadas e aprovadas.
Esperamos com essa entrevista colaborar com os leitores no conhecimento desse evento tão importante para nossa Paróquia e para as pessoas que recebem a nossa ajuda.