Texto: Paulo Roberto Ragnini
Este assunto é de extrema importância, possui um vasto material e muitos especialistas. O que não faltam são pessoas que já fizeram algum curso e sabem o que deve ou não ser realizado na celebração liturgica. Mas, precisamos nos perguntar: Estamos no caminho certo? Estamos atingindo as pessoas que participam, ou melhor, as pessoas estão recebendo aquilo que elas vieram buscar? Elas estão sendo alimentadas na sua busca Deus? A Palavra de Deus foi assimilada?
Sabemos que “é na liturgia que mais atinge, de modo direto e abrangente, a vida dos católicos”. O Concílio Vaticano II definiu que a liturgia é a “fonte” e o “cume” da vida da Igreja (n. 10). Da Sacrossantum Concilium em diante, os documentos do Concílio martelam que é essencial a participação dos fiéis em tudo na vida da Igreja, até ali excessivamente clerical (n. 48). E para isso é introduzido o uso da língua de cada povo e se pede a renovação da homilia, da música sacra, do canto e dos ritos, e autoriza-se a concelebração (n. 57).
Conversando com pessoas que buscam conhecer os motivos que levam ou não as pessoas a participarem das nossas celebrações litúrgicas, de ter preferência de uma ou outra paróquia, chegamos a dois principais motivos: a animação (cantos e músicas) e a homilia.
Canto e Música
Enquanto em algumas paróquias se discutem se o canto é ou não litúrgico, em outras se preocupam se o canto esta dentro da liturgia do dia e se são animados.
“’A tradição musical da Igreja universal constitui um tesouro de valor inestimável que se destaca entre as demais expressões de arte, principalmente porque o canto sacro, ligado às palavras, faz parte necessária ou integrante da liturgia solene’. A composição e o canto dos salmos inspirados, com freqüência acompanhados por instrumentos musicais, já aparecem intimamente ligados às celebrações litúrgicas da antiga aliança…”. (CI 1156)
A Homilia
Enquanto em algumas paróquias o pregador se preocupa com a questão teológica, em outras, o pregador se preocupa em levar as pessoas a terem um contato com o Senhor, falando ao coração.
“Na Missa, a Liturgia da Palavra é apresentada como um grande banquete que alimenta a nossa fé. Observamos dois momentos importantes: 1) Jesus Cristo, Palavra do Pai, que nos fala. 2) A Homilia, que é a atualização da Palavra de Deus” (ou deveria ser). A palavra homilia significa ‘conversa familiar’. Por isso, ela é uma atualização da Palavra de Deus, pois traz para o nosso conhecimento os elementos essenciais da Palavra que foi proclamada, de modo que os fiéis captem a mensagem viva dessa Palavra. Deve ter como fonte inspiradora, o próprio texto bíblico. Porém, é uma atualização do texto para nós hoje. Não é uma aula de teologia ou de exegese bíblica, nem um discurso político, nem deve ser encomendada para passar um ‘sermão’ na comunidade”. (Pe. Nilso Ap. Motta)
A homilia envolve quatro eixos fundamentais (CELAM. Manual de Liturgia):
1) Um anúncio, um chamado à fé em Cristo Salvador.
2) Um ensinamento sobre o significado dos fatos e das palavras escutadas a partir da Escritura e da liturgia. Jesus procede assim com os discípulos de Emaús (Lc 24,25).
3) A provocação da resposta dos fiéis à Palavra anunciada. Apoiando-se na força do Espírito Santo, o pregador mostra a graça atuando na Igreja; ele mesmo se apresenta como testemunha.
4) Uma introdução ao mistério de comunhão com o Senhor: ela deve conduzir ao encontro pessoal com o Senhor e ao reconhecimento, como irmãos, dos que se unem na mesma confissão de fé.
Nos dia de hoje, onde as pessoas não tem tempo e tudo é muito rápido, os cantos/músicas devem ser animados e a homilia cumprir o seu papel no menor espaço de tempo (o ideal seria em até 15 minutos). Assim, com certeza as pessoas que participam da celebração retornarão e convidarão outras pessoas. Ao contrário, buscarão em outro lugar, aquilo que não estão encontrando.
Porém, a de se destacar a relevância de muitas comunidades na formação e preparação de pessoas para o ministério da palavra, principalmente na proclamação da palavra, já que as leituras não são projetadas.
O Sacrossantum Concilium diz “a liturgia consta de parte imutável, divinamente instituída, e de partes susceptíveis de mudança” (SC 21). Ao apontar isso, “o Concílio quis deixar claro o que na Liturgia é imutável, como divinamente instituído, deve permanecer para manter a unidade substancial do rito romano. Mas ele quis também possibilitar e estimular a adaptação, melhor ainda, a enculturação, daquilo que é passível de modificação, por ser de índole cultural, estético, organizativo” (Irmão Nery, fsc).