Muitas vezes no dia a dia acabamos deslizando em caminhos íngremes. Quando isso acontece, é justificável a queda, até porque por sua natureza a via é de difícil acesso e exige do peregrino um preparo. Por outro lado, há deslizes em caminhos retos que aparentemente não tem nenhum obstáculo que justifique a queda. Bastava apenas traçar uma rota de percurso segura e andar. Então, por qual motivo existe queda em caminhos que são seguros para percorrer? O que é necessário fazer para não cair mais? E qual seria o sonho de Deus para nós durante a nossa peregrinação?
Nós fomos criados essencialmente para a felicidade e para fazer aquele que está ao nosso lado também feliz, ou seja, a felicidade é algo que norteia o ser humano. Em um mundo relativizado, a felicidade também perdeu seu sentido. O ser humano busca, em muitas situações, somente a própria felicidade e esquece do outro: o outro que está junto, o outro que pensa, o outro que tem sentimentos. Estamos, cada vez mais, vivendo numa singularidade sem fim.
Existem algumas situações, que vivemos como se fossemos máquinas, ocultando no nosso ser todo o tipo de sentimento. Dessa forma, ficamos indiferentes em relação as coisas que acontecem ao nosso redor. Podemos ter um carro bom, uma família estruturada, um estado econômico razoável, e ser para os outros uma espécie de vitrine, ostentando aquilo que ainda não temos- a felicidade. Tudo isso é importante, mas substancialmente não traz felicidade.
Certa vez, Jesus exortou os discípulos dizendo:
“Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”( Cf: Mc: 10, 13:16).
Ou seja, para conseguirmos as coisas do alto, é necessário agir com o coração semelhante ao de uma criança. A criança sente a necessidade de afeto, de carinho, de pessoas que o façam sempre bem. No processo de nossa vida parece que aos poucos vamos perdendo nossa originalidade e vamos vivendo cada vez mais um solipsismo, nos corroendo e, de certa forma, acabando com nossa existência humana. É evidente que a pessoa adulta necessita de afetos com o outro, diferente de uma pequena criança. O adulto, na maioria das vezes, coloca alguns obstáculos que impedem o relacionamento com o outro e acaba depositando sua atenção nos acidentes e não na essência.
O ser humano é o único ser dotadode faculdades que o autorizam a mudar aquilo que o cerca. Muitas vezes, essa faculdade é usada para fazer coisas não tão boas. A pessoa humana tem a capacidade de deliberar sobre as suas ações, e se por ventura deslizar ou barrar em algum obstáculo que o impede de seguir em frente, tem a possibilidade de voltar até onde parou e recomeçar. Isso acontecerá até o objetivo ser alcançado.
Deus tem para conosco a misericórdia, somos seres completamente finitos e pecadores, mas mesmo assim Deus tem um propósito para cada um de nós. Deus quer nos ver felizes e que não fiquemos nos culpando por pecados que cometemos no passado. Por essa razão, somos convidados a olhar para a nossa caminhada de fé e nos aproximarmos cada vez mais de Deus. Se, no meio do caminho, caírmos e pensarmos em desistir, ou até mesmo cairmos na tentação do pecado, temos que ter em mente que existe um Deus que nos criou para a felicidade, e por isso somos convidados a renunciar aquilo que nos impede de vive-la, através do sacramento da reconciliação ministrado pelo padre.
Alex Dorneles
Pré- Noviço