Voluntariado Missionário Salesiano
Lwena – Angola, 31/03/2014
Cumprimentos e saudações a todos que têm contato com essa minha carta. E de imediato registro que não tenho muito por hábito em escrevê-las, por mais que eu saiba que sejam importantes e um meio de ligação entre nós que estamos fisicamente longe. Faço o contato por outras formas. No entanto, acho válido qualquer tipo de comunicação que possa agregar. Por esses dias fui desafiado nesse sentido e aqui estou cumprindo com o prometido. Aproveito pra dizer que essa “aproximação” contribui naquilo que estou a viver nesse momento. Meu agradecimento pelo apoio de vocês!
Escrevo com a intenção de partilhar de forma breve como está minha vida em Angola. Posso dizer que estou contente pela oportunidade de estar aqui, convivendo e aprendendo com esse povo. E também me sinto bem em poder ser útil a essa realidade tão sedenta de recursos e de cuidado.
São sete os meses que já estou em Lwena! Muitas histórias, trocas e contatos que vão constituindo esse período em África. Meses de muita intensidade que têm marcado profundamente a minha vida, em vários sentidos. Digo eu que não é apenas um ano de voluntariado, embora seja pra isso que esteja aqui. É mais do que isso. E até aqui não sei explicar tudo o que abrange esse tempo. Muito melhor do que explicar e compreender certas coisas é a chance de viver determinadas situações que nos são concedidas ao longo da nossa vida. Creio que essa é uma sensação forte a partir dos dias vividos em solo africano.
Feita essas primeiras considerações aproveito pra dizer que sigo um ritmo muito bom de atividades e trabalhos. Algumas tarefas concluídas e outras que se iniciaram. E muitas que continuam desde a minha chegada. Por agora uma das minhas atribuições principais é a sala de aula e o contato com os angolanos por meio das aulas na Escola Dom Bosco e no Centro de Formação Profissional dos Salesianos. Um ambiente rico de gente com vontade de aprender e de crescer. Histórias distintas e cheias de vida!
Também estou presente diariamente no Centro Juvenil Dom Bosco, um espaço de encontro juvenil recheado de grupos e atividades que envolvem jovens e crianças da cidade. Aí onde mais me relaciono e estou em contato direto com as pessoas. Muito bom estar com eles! E, além disso, tenho outras atividades relacionadas mais a projetos sociais. Uma função mais burocrática por minha formação profissional e que não deixa de fazer parte da missão, afinal é uma necessidade da realidade. Tais projetos são meios que contribuem efetivamente com a realidade local. Com eles as pessoas têm acesso a coisas antes nunca ofertadas, porém, necessárias e fundamentais para dignidade humana. Agora, graças aos salesianos e suas parcerias (por meio de projetos) elas têm uma vida mais digna e um pouco menos sofrida. Há muito que se fazer ainda!
É um pouco nesse contexto de trabalho e funções que atuo. Na medida do possível ajudo e colaboro, de acordo com minhas limitações e entraves. Mais do que fazer grandes coisas o meu esforço diário é de estar sempre aberto e disponível aquilo que me pedem. E mais do que o trabalho em si é se solidarizar com as pessoas e o lugar. Um estar junto e sentir um pouco do que são e do que vivem.
Os angolanos são um povo extremamente alegre e de um trato pessoal particular. Isso tem me chamado muito a atenção. São espontâneos, próximos e curiosos eu diria. Gostam da aproximação e de envolver-se. Faço referência às conversas diárias, as brincadeiras, ao ouvir histórias. Assim forma-se um ano. Não apenas dos trabalhos e atividades em si, mas também de relações e trocas, sejam com os angolanos ou com os estrangeiros, que como eu, vivem aqui. Compartilhar do jeito de viver e das características de cada um é certamente um grande ganho e aprendizagem.
Isso traz um panorama breve de como vivo e do que estou a fazer. Tudo isso me é permitido graças a um povo que permite aproximação e diálogo comum e a um lugar que pede envolvimento e doação.
Sou grato porque tenho a oportunidade no meu dia a dia de ser acompanhado e estar em sintonia com muita gente. Isso me dá forças e coragem de a cada dia buscar e oferecer mais daquilo que sou e acredito. A vocês, de coração, meu muito obrigado! Até breve!
Fiquem bem!
Em Dom Bosco,