“Vede minhas mãos e meus pés;
Tocai-me, olhai-me: sou eu mesmo” ( Lc 24,39).
Ainda há muita gente que pensa ser impossível conviver com Cristo. Dizem que Cristo pertence a outro tipo de mundo; dizem que Cristo mora além. Ele pode ser um prêmio da vida futura, pode ser a esperança das pessoas, pode ser aquele que espera a gente no limiar da eternidade…
Muita coisa nos espera. Muita distância nos divide. Moramos em margens opostas.Vivemos em mundos diferentes. Falamos l[ínguas diversas.
Como poderíamos morar juntos?
Um Deus é sempre um Deus, nunca poderia morar na casa dos seres humanos. Vai radiar um dia em que estaremos para sempre unidos. Mas por enquanto… temos que viver separados e temos que nos virar sozinhos.
É isso aí que muita gente vai dizendo. E está tudo errado!
E Cristo nos alerta: “Por que surgem tais pensamentos em vossos corações? Nós podemos morar juntos, porque eu tenho um corpo, tenho mãos, tenho pés. Não sou um fantasma, sou um de vós. Ressuscitei, mas ainda estou convosco. Sou sempre eu, o vosso Cristo de cada dia”.
Cristo conheceu o desgosto, a frustração e até a derrota, embora momentânea. Anda sempre poeirento e não possui guarda roupa nem túnicas de reserva. Sem armas nem soldados. Tinha apenas um pequeno exército de doze descamisados, que na hora do perigo conseguem arrumar uma única espada.
Ele não tem poderio econômico. Nem uma toca onde se esconder, nem uma pedra onde reclinar a cabeça. É um de nós.
E onde posso encontrá-lo?
Em cada página do Evangelho. É lá que sentimos sua presença, o calor de sua mão, o respiro do seu coração. Mas também na pessoa de cada irmão que se revezam ao nosso lado, que me escrevem, que me telefonam… Neles, o Cristo de cada dia se torna visível.
Fazendo um pouco de silêncio ouviremos o ruído de um passo que se aproxima. É o passo de um Deus que procura uma nova morada, uma nova terra prometida: o coração da gente, terra de Deus.
É o passo daquele que vem até nós para ser nosso Cristo de cada dia.
Nossos caminhos são os caminhos de Cristo nosso de cada dia. Nossa história é a sua história. Não podemos considerá-lo imagem sagrada de um fantasma, pela qual suspiramos nos raros momento de fervor. Não podemos manter os olhos fechados ou protegidos por óculos escuros.Ele é o nosso companheiro de caminhada. “Estarei sempre convoco”.
A luz resplandece nas trevas. Estes são os dias em que o Senhor está nos visitando e nos trazendo a paz. Depois da paião, do sofrimento e da morte, desponta a manhã da alegria e da ressurreição.
Sempre haverá um amanhã depois da morte. Depois da noite sempre aparecerá o sol.
Meu amigo, meu irmão, continue sempre caminhando para a luz, segurando na mão de Cristo.
Ele está ressuscitou! Ele está vivo! Ele é o Cristo da Páscoa!
Feliz Páscoa!
P. Adriano Cemin