A Cidade de Maracaibo na Venezuela sediou nos dias 26 de novembro a 01 de dezembro, o 4º Congresso Americano Missionário e 9º Congresso Missionário Latino Americano (CAM 4 – Comla 9) que reuniu mais de três mil missionários de 24 países para refletir sobre o tema: “Discípulos missionários de Jesus Cristo da América, em um mundo secularizado e pluricultural” e o lema: “América missionária, partilha tua fé”.
O Brasil participou com uma delegação de 139 pessoas representantes dos Conselhos Missionários Regionais (COMIRE). O Regional Sul 2 (Paraná) foi representado por 9 delegados, além de dom Sergio Arthur Braschi, bispo referencial da Ação e Animação Missionária da CNBB Sul 2 e João Guilherme de Melo Simão, coord. da Juventude Missionária que trabalhou como voluntário no CAM4 – Comla 9. Os brasileiros ficaram hospedados em Maracaibo, nas casas de famílias das paróquias São Miguel Arcanjo e Sagrada Família.
A missa inaugural foi celebrada na Praça da Basílica de Nossa Senhora de Chiquinquirá, e reuniu mais de 4.000 fiéis. A celebração foi presidida pelo Delegado Pontifício do papa Francisco, cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Na abertura do Congresso, o cardeal Fernando Filoni, insistiu numa maior participação do Continente americano na missão universal da Igreja.
O tema dominante do Congresso foi “O anúncio de Jesus Cristo no mundo de hoje, secular e pluricultural”. Este foi o tema da palestra feita pelo teólogo argentino Lucas Cerviño, que abriu o ciclo de conferências do 4º Congresso Americano Missionário (CAM 4 – Comla 9). No período da tarde, os congressistas aprofundavam as reflexões em 22 fóruns temáticos organizados nas salas do Palácio de Eventos em Maracaíbo.
A segunda Conferência foi proferida pelo secretário geral da Conferência Episcopal da Nicarágua, dom Silvio Báez, que destacou a importância da Palavra de Deus para o mundo de hoje. “Se não oferecemos a palavra de Deus ao mundo, o que temos a oferecer? Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada”, disse, citando a Exortação Apostólica ‘Alegria do Evangelho’ divulgada recentemente pelo papa Francisco. No terceiro dia de Congresso, a Oração da manhã ficou por conta da delegação brasileira, em seguida, o padre salesiano, Raúl Biord Castillo, (que durante o Congresso foi nomeado bispo) refletiu sobre a urgência da Missão nos âmbitos da nova evangelização e da missão ad gentes, tema da terceira conferência. “Qual o significado de nova evangelização? Que relação tem com a missão? De agora em diante tudo é nova evangelização? Como fica a missão ad gentes? Por que a nova evangelização é nova se proclama a Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13,8)?”. Padre Raúl retomou a Encíclica Redemptoris Missio de João Paulo II (1990) que distingue três situações: “missão ad gentes entre povos, grupos humanos e contextos socioculturais onde Cristo não é conhecido.
A quarta Conferência proferida pela teóloga colombiana, Olga Consuelo Vélez refletiu o estado permanente de missão e a última Conferência, sobre a Vida Religiosa Consagrada, foi proferida pelo brasileiro Irmão Israel José Nery que lembrou a Vida Religiosa Consagrada “é essencialmente uma missão mística, simbólica e profética”.
O penúltimo dia de Congresso foi reservado aos testemunhos missionários. Irmã Monserrat com mais de 25 anos de missão Ad Gentes, trabalhou no Japão, no Marrocos e atualmente na Argélia, país de maioria muçulmana e fez questão de lembrar que: “não devemos considerar todo o muçulmano um terrorista. No meio deles, o que o Senhor nos
pede é sermos instrumentos de paz. É uma chamada à unidade, a compreender que ninguém possui a verdade e que com humildade podemos construir pontes”. Por outro lado, o Padre mexicano, Ricardo Jimenez, que está há treze anos na Argélia, o movimento mais importante e mais difícil da missão é o deslocamento interior. Padre Ricardo destacou ainda a importância da formação para a missão. “O missionário não é um ‘ignorante’, mas estuda muito, se prepara, aprende línguas, culturas… E o mundo secularizado exige que estejamos bem preparados”.
Finalmente, o 4º Congresso Americano Missionário (CAM 4 – Comla 9) indicou como síntese, cinco orientações pastorais a serem assumidas nas comunidades eclesiais, a saber: discipulado missionário, conversão, secularização, pluriculturalidade e missão Ad Gentes. Sobre Missão Ad Gentes, o Congresso suscitou às Conferências Episcopais das Américas que, nos próximos cinco anos, assumam um lugar de missão para o qual devem enviar religiosos, religiosas, sacerdotes e leigos. Devendo promover a formação sobre a Missão universal para todos os agentes pastorais.
A Missa de encerramento do Congresso, presidida pelo arcebispo de Maracaibo, dom Ubaldo Santana, na Praça da Basílica de Nossa Senhora de Chiquinquirá, reuniu mais de 4.500 fiéis. Ao final da Missa, aconteceu o envio de dez missionários para diversas partes: Moçambique (5), México (1), Nicarágua (1), Angola (1), Guatemala (1) e comunidade indígena na Amazônia venezuelana (1). Entre os enviados estão quatro leigos, três padres, duas religiosas e um diácono. Também foi anunciada a cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, como sede do CAM 5 – Comla 10, previsto para julho de 2018.
No domingo dia 01 de dezembro as atividades se realizaram nas paróquias que acolheram os missionários. Houve Missa e confraternização com as famílias hospedeiras.
Na madrugada do dia 02, os brasileiros começaram a deixar Maracaibo e retornar para seus regionais. Foi um momento muito rico de estudos, convivência, inculturação e algumas situações inusitadas que vão permanecer na memória daqueles e daquelas que tiveram a graça de participar do 4º Congresso Missionário Americano na Cidade de Maracaibo. O CAM 4 – Comla 9 deve significar novo envio para a missão e responsabilidade do continente americano com a evangelização do mundo. Deve despertar na Igreja da América um grande impulso missionário, um novo Pentecostes!

