Texto: Paulo Roberto Ragnini
Disse Jesus: “Um homem possui cem ovelhas, uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha (deserto), para ir buscar aquela que se desgarrou? E se a encontra, sente mais jubilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos”. (Mat 18,12-14)
Após muitas conversas e pesquisa cheguei à conclusão que há mais ovelhas perdidas dentro de uma celebração eucarística do que imaginamos. Como também, há muitas pessoas responsáveis pela Liturgia, que não perceberam isso ou acham que do jeito que está “tá bom”. Mas, quem são as ovelhas perdidas dentro da Missa? Para responder essa questão e atender ao pedido de Jesus de salvar a ovelha desgarrada, precisamos fazer outras perguntas: todas as pessoas na assembléia reunida estão realmente participando ou assistindo e cumprindo uma obrigação? Será que todas as pessoas que estão participando da Missa, estão vivendo realmente aquele momento? Pegando por modelo a celebração destinada à catequese, que normalmente é a Missa com um maior número de pessoas, percebemos que a assembléia reunida é constituída por um grupo diversificado. Temos pessoas que fazem parte da comunidade participando ativamente das celebrações semanais ao longo de muitos anos; pessoas que estão participando porque os filhos ou algum parente estão na catequese; e pessoas que estão cumprindo um ritual porque alguém da família participa e após a celebração vão se encontrar e por ai vai.
Podemos entender como ovelha desgarrada (perdida), aquela que no sentindo de uma caminhada de fé perdeu o rumo ou desviou-se do rumo. Assim, dentro desse conceito e das pessoas que fazem parte da assembléia reunida, é visível que em todas as celebrações temos ovelhas desgarradas. Sabemos também, que “é na liturgia que mais atinge, de modo direto e abrangente, a vida dos católicos”. Ou seja, é na celebração eucarística que temos a maior oportunidade de falar aos corações das pessoas e trazê-las de volta a uma caminhada de fé sólida.
Por que grande parte das crianças da Catequese quando recebem a Crisma, não participam mais das celebrações e junto com eles seus pais e parentes? De pronto, podemos responder, que este grupo faz parte dos que estão cumprindo um ritual e outros vieram porque é a primeira comunhão de algum parente, resumindo, se enquadram como ovelhas perdidas. Mas, que Deus colocou em nossas mãos para serem resgatadas. O problema é que nessas celebrações que se encontram um maior número de pessoas, aproveitamos para fazer tudo e mais um pouco, quando deveríamos fazer apenas o necessário e com amor. Para isso, precisamos estar preparados para atingir o coração daquelas ovelhas que estão desgarradas sem “enfeites”. Hoje, em todos os setores da sociedade, precisamos fazer bem o que temos por responsabilidade no menor tempo possível. “Ninguém tem tempo”, a não serem as pessoas que já estão aposentadas e uma minoria de outros grupos. Você acha que a ovelha desgarrada presta atenção em uma homília que ultrapassa 10 minutos ou que são direcionadas a quem nem faz parte da assembléia? Até eu que sou um católico atuante me canso! Imagine então, falar dos comentários lidos toda hora e de cantores que não sabem a hora de parar ou com cantos sem nenhuma animação!
A equipe responsável pela liturgia e o presidente da celebração devem voltar suas atenções na Missa para as 99 ovelhas ou para aquelas ovelhas que estão perdidas? Não sei a sua resposta, eu não tenho duvidas, estamos contribuindo muito com a evasão das pessoas das celebrações nos últimos 30 anos. Precisamos urgentemente acertar o foco. Ao falar às ovelhas perdidas, com certeza falaremos também, ao coração das 99 e as animaremos na caminhada de fé. Essa é a orientação de Jesus e ao cumpri – lá, o Espírito Santo agirá.
“Respondeu Jesus: Não são os que estão bem que precisam do médico, mas sim os doentes… Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”. (Mat 9,12-13)